segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Humanismo Cristão


Em defesa do humanismo cristão.

Um leitor do meu texto "O HUMANISMO CRISTÃO" publicado recentemente neste blog, talvez confundindo alhos com bugalhos, ou talvez por uma leitura superficial do texto, (ou mesmo por uma não-leitura), fez o seguinte comentário: -"O homocentrismo (sic) não pode ser o objetivo de nosso cristianismo".
Eu falei em "humanismo", ele falou em "homocentrismo". Nossas diferenças já começam por aí. Aliás, devo explicar minha posição: não aceito uma leitura INDIVIDUALISTA da Bíblia, porque essa leitura individualista vai totalmente contra o seu espírito, como também contra toda a pregação e a todas as atitudes de Jesus de Nazaré, frente às carências humanas de seu povo.
Começo com uma citação de um texto fundamental de João, pois o Humanismo Cristão tem como centro a pessoa humana integral, não qualquer ser humano, mas se inspira na pessoa de Jesus de Nazaré, o qual, pela união hipostática - a união do humano com o divino - elevou a nossa humanidade, em Cristo, à glória de ser parceira de Deus na obra da Redenção: -"Foi assim que ficamos conhecendo o Amor. Ele deu a sua vida por nós. Também nós havemos de dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém possui riquezas deste mundo e, vendo seu irmão na miséria, lhe fecha o coração, como o amor de Deus pode nele permanecer?" (I Jo 3, 16-17).
Este outro: -"Não deverá haver pobres no meio de ti, porque o Senhor, teu Deus, te abençoará certamente na terra que te dá como herança." (Dt 15,4).
Ou este: -"Não oprimirás o teu próximo, e não o despojarás. O salário do teu operário não ficará contigo até o dia seguinte." (Lev 19,13).
Mais um: -"Se teu irmão se tornar pobre junto de ti, e as suas mãos se enfraquecerem, tu o sustentarás, mesmo que se trate de um estrangeiro ou de um hóspede." (Lev 25, 35-38).
Também este: -"Se dás do teu pão ao faminto, se alimentas os pobres, tua luz levantar-se-á na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno." (Is 58, 6-10).
E Amós: -"Eles vendem o justo por dinheiro; o sofredor por um par de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam mais penosa a vida dos oprimidos." (Am 2, 6-7).
Outro: -"Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas." (Mt 7,12).
Continuando: -"Dou-vos um novo mandamento. Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós devereis amar-vos uns aos outros." (Jo 13, 34-35).
Ou também: -"Eu era um mendigo e vós me recebestes; eu tinha fome e vós me destes de comer; eu estava nu e vós me vestistes. Aquilo que fizerdes aos mais pequenos dos meus, é a mim mesmo que o fareis".
Também: -"Aquele que diz amar a Deus e não ama seu irmão, é um mentiroso, porque como pode dizer que ama a Deus, que ele não vê se não ama seu irmão, a quem vê?”.
Prosseguindo: -"Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo." (Luc 3,10).
Não esqueçamos: -"A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía; mas tudo entre eles era comum... Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas, vendiam-nas, e traziam o preço do que tinham vendido e depositavam aos pés dos apóstolos. Repartia-se a cada um deles conforme a sua necessidade." (At 4, 32-35).
Estas palavras bíblicas até aqui citadas são de uma simplicidade e de uma urgência esmagadora. Impossível pretender furtar-se ou mostrar-se indiferentes a elas. Os que fazem uma leitura individualista da Bíblia contra-argumentam com o Céu, ou com o Reino de Deus, que não é deste mundo; mas se esquecem de que o Céu não está "em outra parte", fora da esfera humana. Ele começa misteriosamente neste mundo, por obra e graça do Espírito Santo. Se o Reino de Deus não é "deste mundo", ele começa "neste mundo", e estes começos serão recolhidos, purificados, transfigurados no novo Céu e na nova Terra, de que nos fala o livro do Apocalipse.
O amor do cristão pelo seu próximo não deve ser um amor abstrato, um amor quimérico, um amor apenas de palavras. Este amor deve mostrar-se realmente efetivo, e transformar positivamente toda a realidade negativa ao seu alcance. Lembremo-nos de que neste nosso mundo ainda há cruzes, não só individuais, mas coletivas. E o amor ao próximo, pregado com insistência por Jesus de Nazaré, obriga-nos a envidar todos os esforços para fazer descer da cruz esses nossos irmãos crucificados.
É dentro deste paradigma, que eu coloquei meu texto anterior, O Humanismo Cristão. E com as mesmas palavras com que terminei aquele, termino também este:
- Crer em Jesus Cristo não é um repouso. É apostar tudo pela felicidade de homens e de mulheres deste mundo, porque somos CO-CRIADORES com Deus.

Professor Aroldo

Nenhum comentário:

Postar um comentário