sábado, 25 de junho de 2011

Anne Frank - Esperar contra toda esperança

Depois de ansiosa expectativa chegou-me às mãos o texto integral e sem cortes do "Diário de Anne Frank", que constitui "o relato pessoal mais emocionante sobre o Holocausto, livro que continua surpreendendo e impressionando o mundo." (New York Times).

Encontrado no sótão onde a pequena Anne Frank morou nos últimos anos de vida, seu diário se tornou clássico em todo o mundo; uma poderosa lembrança sobre os horrores de uma guerra, um testemunho eloqüente para o espírito humano.

Em junho de 1942, quando os nazistas de Hitler ocuparam a Holanda, a menina judia de apenas 13 anos, acompanhada pelos pais e pela irmã mais velha Margot, deixou para trás a residência em Amsterdã e se refugiou no sótão de uma casa. Até o paradeiro dos Franks ser denunciado à polícia secreta alemã, a família viveu ao longo de dois anos enclausurada no "Anexo Secreto", e onde Anne redigiu o seu "Diário".

No dia 6 de junho de 1944 escreve ela, a propósito do desembarque das tropas aliadas na Normandia, para o golpe final contra os exércitos de Hitler:

- "Tendo sentido a faca na garganta e oprimidos há tanto tempo por esses horríveis nazistas, não podemos impedir-nos de estar impregnados de esperança, pensando na salvação de nossos amigos. Minha irmã Margot diz que talvez eu possa enfim ir à escola em setembro ou outubro...”.

Foi num livro consagrado a Israel que pela primeira vez tomei contato com o doloroso drama de Anne Frank. Na imagem, a fotografia de uma jovem levando na mão um pinheirinho, um dos seis milhões plantados nos arredores de Jerusalém, floresta de mártires, dos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas e que o deserto fez reviver. A jovem parece pensar em Anne Frank, da qual um texto me diz que ela não foi à escola "em setembro ou outubro" porque morreu deportada no campo de Bergen-Belsen, campo de concentração e de extermínio construído pelos nazistas. A cabeça da jovem está ligeiramente voltada para quem olha; (à sua direita vê-se o braço de um rapaz levando também uma muda de pinheiro). A jovem tem o corpo envolvido em roupas pesadas, por cima da calça masculina; apenas um lenço leve lhe feminiza o perfil; as feições são pueris e sérias, porque os jovens dessa geração cresceram depressa; os cabelos são negros, os lábios pequenos e carnudos. Os olhos é que nunca se esquecem: muito abertos, calmos e sombrios, OLHAM. Aí está a esperança que nasce, inscrita num gesto e num olhar, e celebrada pelo profeta Ezequiel, quando disse:

- "Filhos do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que eles dizem: Os nossos ossos secaram, e pereceu a nossa esperança... Mas assim diz o Senhor: Eis que eu abrirei as vossas sepulturas e vos farei sair de vossas sepulturas, ó meu povo, e vos trarei à terra de Israel".

Que terra de Israel Anne Frank encontrou neste mundo? Eis a pergunta que nos faz esta jovem judia, porque o povo de Israel, desde as páginas da Bíblia, é a imagem mais nua, mais vulnerável e mais verdadeira da condição de homens e de mulheres de todos os tempos. É a pergunta que nos fazem os milhões que morreram cativos e aflitos, em seus corpos e em suas almas, nas guerras, conflitos e terrorismos deste nosso mundo:

- "Que fizestes da esperança dos homens e das mulheres? Que fizestes do Senhor Jesus de Nazaré, esperança do mundo?”.

Mais de dezessete mil pessoas morreram em Bergen-Belsen, somente em março de 1945. Anne e sua irmã Margot foram atingidas pela epidemia de tifo. Margot foi a primeira a morrer, em março de 1945. Poucos dias depois Anne a seguiu na morte. Os corpos das duas meninas foram enterrados nas valas comuns de Bergen-Belsen. O campo foi libertado por tropas inglesas em 12 de abril de 1945.



Professor Aroldo

roldalmeida@hotmail.com

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